Enquanto professores lutam por dignidade, vereadores de SP aprovam reajuste simbólico e viram as costas para quem os ensinou a ler e escrever
- Isaque Pers
- 30 de abr.
- 2 min de leitura
Em uma decisão marcada por protestos, greve e indignação, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (29) um reajuste salarial de apenas 5,2% para todos os servidores públicos municipais. O aumento, enviado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), será parcelado em duas etapas: 2,6% em maio de 2025 e 2,55% em maio de 2026. A proposta foi aprovada por 34 vereadores, contra 17 votos contrários, em meio a uma das maiores mobilizações recentes dos profissionais da educação na cidade.
A cena dentro do plenário parecia descolada da realidade nas escolas: enquanto os professores permanecem em greve há mais de duas semanas, lutando por 12,52% de reajuste, os vereadores garantiram, com tranquilidade, um projeto que ignora a defasagem salarial histórica da categoria. A justificativa de “equilíbrio fiscal” dada pela prefeitura soa como ironia para quem forma gerações com recursos cada vez mais escassos e salários cada vez mais achatados.
Mais grave do que a proposta em si foi a postura da maioria dos vereadores, que optaram por ignorar o apelo dos servidores e trataram com desdém os profissionais responsáveis por alfabetizá-los, educá-los e, em muitos casos, garantirem a eles o mínimo de formação que os possibilitou ocupar cargos públicos.
Ao invés de reconhecer o valor do funcionalismo, especialmente dos professores, a Câmara escolheu dar um reajuste que nem cobre a inflação acumulada do período, conforme destacou o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindsep). “O índice aprovado é a metade da inflação. É um desrespeito com quem sustenta os serviços públicos da cidade”, afirmou o sindicato em nota oficial.
Além disso, o movimento grevista critica outras medidas injustas, como o desconto de 14% em aposentadorias e pensões e as más condições de trabalho nas escolas municipais. A categoria promete intensificar a mobilização e já convocou novo ato para o dia 6 de maio, exigindo que a prefeitura e os vereadores reconheçam a importância da educação pública e valorizem seus profissionais como merecem.
É inadmissível que os representantes do povo tratem com frieza justamente aqueles que ensinaram a eles o significado de cidadania, ética e responsabilidade social. Se hoje ocupam cargos no Legislativo, devem muito aos servidores públicos — especialmente aos professores.
Fontes:
Jovem Pan: Câmara aprova reajuste de 5,2% para servidores
TVT News: Professores seguem em greve mesmo após aprovação de reajuste
Folha de S.Paulo: Reajuste parcelado gera revolta em SP
SINPEEM: Professores convocam novo ato
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